Nós
do Cine Molotov, trazemos mais um filme pertinente para nossa
reflexão, colaborando para a reconstrução dos fatos daquela
realidade um tanto obscurecida de nosso passado recente que
repercutem negativamente no presente. Mesmo cientes do peso e da
complexidade das questões que envolvem essa temática, consideramos
absolutamente importante colocar em pauta dizer o que tem de ser dito
da forma mais justa e verdadeira.
Trinta
anos após a realização do filme Em Nome da Segurança Nacional, o
cineasta Renato Tapajós resgata a narrativa daquele documentário
que registrava um evento da Comissão de Justiça e Paz da
arquidiocese de São Paulo chamado Tribunal Tiradentes em que foi
julgada a Lei de Segurança Nacional. Naquela ocasião era posto em
cheque o eixo ideológico da ditadura que justificava a repressão e
a tortura sobre diversos seguimentos da sociedade brasileira.
É
o próprio cineasta que nos coloca a refletir diante do fato da
promoção do esquecimento por parte das classes dominantes que
continuaram no poder afim de varrer da memória nacional os crimes de
Estado. Queriam simplesmente deixar para trás, sem denunciar o
terrorismo cometido pelos sucessivos governos militares. O Tribunal
Tiradentes não levou este nome a toa, pois carrega uma homenagem a
um dos primeiros mártires que lutou por liberdade.
Por
sua vez, com a produção de O Fim do Esquecimento, pretende
investigar e registrar as repercussões da violência cometida pelos
representantes do Estado nos anos de chumbo. A repressão atingiu
estudantes que protestavam e combatiam o regime, trabalhadores que
tentavam se organizar, padres e advogados que se engajavam para somar
na luta contra a ditadura militar.
Os
princípios da Doutrina da Segurança Nacional ainda são utilizados
pelos aparatos de segurança militarizados. Entre as consequências
da falta de rigor na apuração dos crimes, estão a
institucionalização posterior da violência nos morros e favelas
com o genocídio da população, sobretudo pobres, negros e jovens. A
violência dos latifundiários sob os camponeses que lutam por
reforma agrária, assassinatos individualizados com impunidade quase
absoluta. Sem falar da opressão nos casos de remoção nos grandes
centros urbanos.
A
mensagem que o Estado passa, mesmo sendo o próprio guardião dos
direitos humanos, é de que se você cometer um crime em seu nome,
será protegido. Então aquele agente que tem o monopólio da
violência carrega a ideia da impunidade pois lá atrás fizeram
coisas muito piores e não deu em nada.
Leonardo
Sampaio – Psicanalista, membro do Cine Molotov
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No
entendimento geral a respeito da questão da tortura, é vista como
uma atrocidade, um crime que viola os direitos humanos sob qualquer
norma ou tratado internacional, sob qualquer regra do direito
internacional.
Na
mente da nova geração de lutadores sociais que anseia indignada por
travar suas próprias batalhas frente as injustiças sociais dos dias
atuais, uma busca pelo esclarecimento dos crimes da ditadura
representa força para enfrentar os crimes e abusos de autoridade
hoje.
Nas
comissões especiais, nas manifestações dos artivistas, esculacho
contra os cumplices que não foram enquadrados pela justiça, nos
movimentos populares combativos, a história é e sempre será
lembrada, o esquecimento afastado para dar lugar a informações
apuradas no sentido de seguir adiante com o necessário registro na
memória do que de fato ocorreu aqui. É do futuro que se trata todo
esse trabalho. Para nos prepararmos e estarmos mais protegidos contra
a repetição de toda atrocidade, torturas, violência e
desaparecimentos.
Se
perguntarem “Existe tortura atualmente no Brasil?”.
Por
parte de quem é praticada? Como e onde ocorre?
Para
qual contexto nos remetem essas questões?
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