terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Texto sobre o filme O FIM DO ESQUECIMENTO por Leonardo Sampaio

Nós do Cine Molotov, trazemos mais um filme pertinente para nossa reflexão, colaborando para a reconstrução dos fatos daquela realidade um tanto obscurecida de nosso passado recente que repercutem negativamente no presente. Mesmo cientes do peso e da complexidade das questões que envolvem essa temática, consideramos absolutamente importante colocar em pauta dizer o que tem de ser dito da forma mais justa e verdadeira.
Trinta anos após a realização do filme Em Nome da Segurança Nacional, o cineasta Renato Tapajós resgata a narrativa daquele documentário que registrava um evento da Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de São Paulo chamado Tribunal Tiradentes em que foi julgada a Lei de Segurança Nacional. Naquela ocasião era posto em cheque o eixo ideológico da ditadura que justificava a repressão e a tortura sobre diversos seguimentos da sociedade brasileira.
É o próprio cineasta que nos coloca a refletir diante do fato da promoção do esquecimento por parte das classes dominantes que continuaram no poder afim de varrer da memória nacional os crimes de Estado. Queriam simplesmente deixar para trás, sem denunciar o terrorismo cometido pelos sucessivos governos militares. O Tribunal Tiradentes não levou este nome a toa, pois carrega uma homenagem a um dos primeiros mártires que lutou por liberdade.
Por sua vez, com a produção de O Fim do Esquecimento, pretende investigar e registrar as repercussões da violência cometida pelos representantes do Estado nos anos de chumbo. A repressão atingiu estudantes que protestavam e combatiam o regime, trabalhadores que tentavam se organizar, padres e advogados que se engajavam para somar na luta contra a ditadura militar.
Os princípios da Doutrina da Segurança Nacional ainda são utilizados pelos aparatos de segurança militarizados. Entre as consequências da falta de rigor na apuração dos crimes, estão a institucionalização posterior da violência nos morros e favelas com o genocídio da população, sobretudo pobres, negros e jovens. A violência dos latifundiários sob os camponeses que lutam por reforma agrária, assassinatos individualizados com impunidade quase absoluta. Sem falar da opressão nos casos de remoção nos grandes centros urbanos.
A mensagem que o Estado passa, mesmo sendo o próprio guardião dos direitos humanos, é de que se você cometer um crime em seu nome, será protegido. Então aquele agente que tem o monopólio da violência carrega a ideia da impunidade pois lá atrás fizeram coisas muito piores e não deu em nada.

Leonardo Sampaio – Psicanalista, membro do Cine Molotov
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No entendimento geral a respeito da questão da tortura, é vista como uma atrocidade, um crime que viola os direitos humanos sob qualquer norma ou tratado internacional, sob qualquer regra do direito internacional.
Na mente da nova geração de lutadores sociais que anseia indignada por travar suas próprias batalhas frente as injustiças sociais dos dias atuais, uma busca pelo esclarecimento dos crimes da ditadura representa força para enfrentar os crimes e abusos de autoridade hoje.
Nas comissões especiais, nas manifestações dos artivistas, esculacho contra os cumplices que não foram enquadrados pela justiça, nos movimentos populares combativos, a história é e sempre será lembrada, o esquecimento afastado para dar lugar a informações apuradas no sentido de seguir adiante com o necessário registro na memória do que de fato ocorreu aqui. É do futuro que se trata todo esse trabalho. Para nos prepararmos e estarmos mais protegidos contra a repetição de toda atrocidade, torturas, violência e desaparecimentos.
Se perguntarem “Existe tortura atualmente no Brasil?”. 
Por parte de quem é praticada? Como e onde ocorre?
Para qual contexto nos remetem essas questões?
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Fotos da sessão do filme O FIM DO ESQUECIMENTO

Lucinha do Instituto Frei Tito exibe uma série de fotos de uma atividade acontecida no próprio Mausoléu, com ex-presos políticos e trazendo reflexões sobre o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Oswald Barroso fala sobre o período militar em Fortaleza e a resistência da arte e da cultura na cidade.


Performance 

























quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Cine Molotov exibe O FIM DO ESQUECIMENTO dia 10 de dezembro no Palácio da Abolição


Chegamos na última sessão de 2015 finalizando o projeto Cine Molotov Na Trajetória dos 50 Anos do Golpe Militar, foram nove sessões no Aparelho da Associação 64/68 Anistia, que trouxeram reflexões e questionamentos sobre esse período trágico da história do país.

E pra fechar com o molotov acesso vamos para a rua, juntamente com o Coletivo Aparecidos Políticos no evento #OcupeMausoléu, exibindo o documentário O FIM DO ESQUECIMENTO de Renato Tapajós. 

O filme procura personagens que participaram do Tribunal de Tiradentes (ocorrido em 1983 no teatro municipal de São Paulo) e outros que se destacaram na luta pelos Direitos Humanos, para retomar a questão da Doutrina de Segurança Nacional, depois de três décadas. Investigando os resquícios daquela doutrina nos dias de hoje, aborda a tentativa das classes dominantes de, depois que os militares saíram do poder, promover o esquecimento dos graves fatos ocorridos durante a ditadura e constata que, finalmente, o esquecimento está sendo combatido por diversas instituições e pessoas, sobretudo pelos jovens.

Serviço:
Cine Molotov exibe O FIM DO ESQUECIMENTO
de Renato Tapajós, Documentário, 54 minutos
Dia 10 de Dezembro de 2015 às 18h30
No Mausoléu do Palácio da Abolição
Av. Barão de Studart, 500, Meireles - Fortaleza/Ce
Aberto ao Público

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Fotos da sessão do filme SETENTA debate com Rosa Fonseca




















Texto sobre o filme SETENTA por Leo Sampaio

Sejam bem vindos a mais uma sessão do Cine Molotov! Na
exibição seguida do debate de hoje teremos o filme “70“ da
diretora Emília Silveira, ela mesma ex-presa política, conta a
história da liberação de setenta presos políticos, membros de
diversas organizações que lutavam contra a ditadura. 

O grupo seria enviado ao Chile após a troca pelo embaixador suíço
Giovanni Enrico Bucher. Quarenta dias depois do sequestro os
presos são libertados e banidos do Brasil sob ordem presidencial.

Quarenta anos depois alguns relatam sua perspectiva deste
inusitado episódio que ficou marcado na história como um dos
mais ousados atos de resistência ao regime militar. A narrativa
traz relatos de vinte membros do grupo libertado, destacando
suas lembranças pessoais.

Entre as organizações subversivas haviam o PCBR –
Partido Comunista do Brasil, a VPR – Vanguarda Popular
Revolucionária, o GAP – Grupo de Ação Popular, a ALN – Ação
Libertadora Nacional, a VAR Palmares – Vanguarda Armada
Revolucionária Palmares.

No contexto dos anos de chumbo, estudantes e operários
reprimidos, torturados e mortos, militares expulsos. Quem iria
reagir? Como resistir? Tempos extremos, medidas extremas...
toda aquela energia reprimida foi canalizada e voltada para o
enfrentamento direto as forças do Estado. Fazer política passava
a ter outro significado, imbuídos de esperança e coragem, tinham
decidido dar a vida pela causa vitória através da guerrilha urbana.
Captura de autoridades estrangeiras, assaltos a bancos e
quarteis estavam entre as estratégias de ação direta subversiva
que passaram de simples questões logísticas à representar ações
de conotação política.

Nas palavras dos que vivenciaram toda aquela luta, se
houveram equívocos nos planos, não foram percebidos
imediatamente, precisavam fazer algo ousado, ficar parado
assistindo não era opção para aqueles que buscavam mudar a
história. Então, tentaram o caminho que se mostrava mais
coerente com o discurso que tinham naquele momento.
Nas palavras de Frei Osvaldo, amigo de Frei Tito que foi
torturado brutalmente nos porões da ditadura, era necessário
aderir e apoiar a militância de oposição para evitar que
continuassem os extermínios e perseguições cometidos de forma
covarde. Assim, a solução para um país ocupado pelas armas,
não seria outra a não ser a resistência pelas armas.

As histórias continuam depois do voo da liberdade, apesar
do sofrimento marcante pelo qual passaram os bravos presos
políticos. O jogo duro da vida de militante, as angústias, suicídios
de amigos e percalços no exílio são contados como páginas lidas
que ficam para serem consultadas, para servirem de referência no
livro da vida de cada um. Estão ali para que possamos seguir,
sabendo que haviam sim companheiros corajosos em
contestação efetiva ao aparelho repressor.

Revolucionários em foco, entre tantos subversivos
anônimos, sacrificaram suas ambições, abriram mão de suas
paixões e experiências de juventude para seguir nobres ideais de
uma sociedade livre, prospera com justiça social.

Leo Sampaio – Psicanalista, membro do Cine Molotov

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Cine Molotov exibe SETENTA dia 26 de Novembro no Aparelho da Associação 64/68 Anistia

Na penúltima sessão do projeto Cine Molotov Na Trajetória dos 50 Anos do Golpe Militar, exibiremos o premiado documentário SETENTA da diretora Emilia Silveira, tendo como debatedora convidada a militante política do grupo Crítica Radical Rosa Fonseca.

A exibição inédita no Ceará será no Aparelho da Associação 64/68 Anistia dia 26 de novembro às 18h30, aberto ao público.

1970. O Brasil viveu o ápice de uma ditadura militar que durou 20 anos. Perseguições, prisões, mortes, sequestros. O filme Setenta vai reencontrar 18 personagens desta história, quarenta anos depois. O filme mistura a emoção de revisitar o passado com uma visão, às vezes, até bem humorada de tudo que viveram. Muitos anos se passaram e agora trazem o relato de quem conheceu a dor e a violência, sobreviveu, construiu sua própria história e continua acreditando que é possível melhorar o mundo.

Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3xcLk31n6C8

Serviço:
Cine Molotov exibe SETENTA
Documentário, 96 minutos, de Emilia Silveira, 2014.
Dia 26 de Novembro de 2015 [quinta-feira]
No Aparelho da Associação 64/68 Anistia
Rua Instituto do Ceará, 164, Benfica, Fortaleza/CE
Aberto ao Público